Rock, Surf e Brotos

Muita polícia e pouca onda

Poster do evento Rock Surf e Brotos

Poster do evento Rock Surf e Brotos. Foto: Reprodução.

Organizado pela dupla Cacau Menezes e Ricardinho Machado durante as férias de julho de 1978, o campeonato Rock, Surf & Brotos foi um marco para o surfe catarinense. Até mesmo nos dias de hoje, algumas pessoas que estiveram por lá naqueles longínquos dias de inverno lembram de tudo com detalhes.

 

A loja Hubert?s Center Jeans, situada no calçadão da Felipe Schmidt, centro de Floripa, bancou a idéia. E com o apoio da secretaria de turismo da cidade e contando com ótima premiação o ?Rock Surf & Brotos? atraiu surfistas vindos de todas as partes do país, principalmente do eixo Rio-Sampa.

 

O público compareceu em massa à Joaquina. Tudo era novidade. O local Bita Pereira foi o grande destaque das fases eliminatórias competindo contra nomes conhecidos do cenário nacional.

 

Muita polícia e pouca onda, manchete do jornal catarinense. Foto: Reprodução.

Foram três dias de frio intenso. Era surfe durante o dia e muita música a noite inteira. ?O estacionamento ainda não existia. Era um grande descampado no meio das dunas. Curtimos os shows acampados em barracas no melhor estilo Woodstock. Foi uma loucura?, recorda o então moleque Zeno Brito.

 

Dois fatos inusitados marcaram esse campeonato e receberam ampla divulgação nos jornais da época: uma grande blitz promovida de última hora pelo delegado Elói, o todo poderoso da cidade, aquele da celebre frase: ?Nem todo maconheiro é surfista, mas todo surfista é maconheiro?. O outro fato marcante foi o sumiço de um bolo.

 

A blitz rolou no caminho para a praia e pegou muitos surfistas desprevenidos. Os “premiados” nem chegaram a tempo de competir. A dura dos homens do delegado Elói naqueles primeiros dias de campeonato rende boas estórias até hoje.

 

Joaquina lotada durante o campeonato. Foto: Reprodução.

Mas foi a torta decorada com glacê verde e branco oferecida pelos organizadores ao prefeito municipal Esperidião Amin para comemorar um ano da nova estrada que ligava a Lagoa à Joaquina e que acabou rendendo boas gargalhadas.

 

Antes da entrega da premiação um imprevisto. No meio do agito o bolo sumiu! Gulosos e lariquentos ladrões desapareceram com o dito cujo, só restando água na boca de quem teve o privilégio de vê-lo.

 

Na final, o surfista Caxito, local de Joinville, embalado por um bom resultado no nacional de Saquarema meses antes, garantiu o título, levando uma passagem aérea para o Rio de Janeiro e mais CR$ 3 milhões (não me pergunte quanto isso vale nos dias de hoje). Bichinho acabou em segundo, Touro foi o terceiro e Bita Pereira ? o surfista de Jesus e atual vice-prefeito de Florianópolis, em quarto.

 

Praia da Joaquina no início dos anos 70. Foto: Arquivo Pessoal André Freyesleben.

Bons tempos aqueles…

 

Leia mais histórias do surfe catarinense, nacional e mundial no blogue de Máurio Borges 

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