Tábuas

Equipe marcante

Prancha Ripwave.

Partindo de Santos para a Joaquina, em dezembro de 86, paramos na torre do Cibratel / Itanhaém para resgatar o Wagner Pupo. Éramos a equipe Ripwave de surfe amador, recém-criada por Beto Loureiro: Paca, China, Pardhal, Zeca, Dão, Macuco, Chulé, Zé Paulo, Daniel Rabit, Fernando Macaco, Piu Pereira, Douglas Pen e Rogerio Alemão, todos rumo ao Sul, onde iríamos disputar o primeiro Campeonato Nacional de Surf Amador Marambaia.

 

Fui eleito pela equipe o técnico e já estavamos apresentando resultados nos campeonatos da Baixada Santista. Assim, iríamos disputar um titulo nacional inédito no Brasil até então.

O cenario nacional de competição na época confirmava a evolução do status do surfista profissional e conquistas de espacos midiáticos da categoria, gerando competições agora separando profissionais de amadores, o que também acontecia em nosso estado, sendo criada a ASS, que havia organizado e revelado Paulo Rabello, Almir Salazar e Tinguinha Lima, campeões estaduais.

Esse movimento evolutivo fez acontecer a organização do SurfPro, dirigida pela APS (Gadelha, Rabelle e Marcelo Spinelli) e ASBS Surf Amador (Silvério, Bukao, Bill e Gersão). Assim, tínhamos uma grande cena a ser deflagrada sob nossos pés e mentes.

Os técnicos de surfe ainda eram novidades à época e ninguém sabia exatamente como ser útil aos competidores. Teríamos de escrever nas areias das praias nossas histórias e poder de colaboração nas conquistas. Marcio Fukuda, o “Kabeha”, era o único técnico de surfe da equipe Town & Country e Marcos Conde estava iniciando no comando da equipe Cristal Grafiti. A desconfiança dos surfistas na função nos fazia ser astronautas pela primeira vez na lua, ou seja, pequenos passos de uma grande trajetória.

Para que serve uma equipe de surfe? Beto Loureiro já sabia, pois precisava de informações atualizadas direto das praias para oferecer ao mercado pranchas com modelos e dimensões testadas por “surfonautas” em condições de extrema competição – vender pranchas, mas oferecendo conhecimento adquirido através da equipe.

O Campeonato Nacional de Surf Amador Marambaia, de 17 a 21 de dezembro de 1986, iniciava uma nova etapa do surfe no país, organizada pela Associação Catarinense de Surfe, que reuniu os competidores mais jovens. Com desempenho fenomenal da equipe Ripwave, conquistamos o título da Open com Pupo (primeiro campeão brasileiro de surfe amador), Piu em terceiro, Pen em quinto e Zé Paulo em sétimo; na categoria Júnior, Daniel Rabit foi sétimo.

Assim comecei a função de técnico de equipe de surfe, que abriu o espaço para aprender e colaborar com a formação de surfistas em competidores e uma profissão que exerci por 25 anos, sendo o passaporte para tornar me um cidadão do mundo.

A prancha Ripwave 5’11 squash tail foi o meu primeiro salário como técnico e a tenho em minha coleção de pranchas históricas. Obrigado, Beto Loureiro e equipe Ripwave. Vocês revelaram e revolucionaram a minha vida.

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