Estávamos muito ansiosas para chegar à Colômbia, o primeiro país do nosso roteiro que ainda não conhecíamos. Longe do mar, teríamos muitos dias de estrada pelas montanhas, até chegar de novo ao Oceano Atlântico, no caribe colombiano.
O lado Pacífico do litoral da Colômbia ainda é bastante inóspito, por conta de ser uma região de selva que até pouco tempo ainda era dominada pelas FARC. Sabemos que existem ondas incríveis nesta região, porém de difícil acesso, algumas delas só possíveis de barco ou avionetas.
Como tínhamos pouco tempo para chegar a Cartagena, decidimos seguir viagem pela região dos Andes, que, conforme nos indicaram, é o caminho mais seguro.
Foi surpreendente. As montanhas colombianas são de grandeza e exuberância incríveis. Enormes, verdes, imponentes. A estrada é de dar medo. Ao lado da sinuosa rodovia, precipícios de tirar o fôlego com o visual de vales, rios e cachoeiras.
Foram 7 dias na estrada, subindo, descendo e fazendo curvas. Alguns deslizamentos nos deixaram assustadas, pois, assim como o Peru, a Colômbia também havia passado recentemente por chuvas intensas.
Passamos brevemente pela cidade de Pasto para conhecer o artesanato local. Também dormimos em Cali, onde conhecemos um shaper local que nos hospedou em sua casa e apresentou um pouco do bairro de San Antonio, com bares e lojas de arte muito legais.
Fomos parando em cidades muito pequenas na beira da estrada, apenas para dormir e seguir viagem. A kombica viaja no tempo do vento e, com tantas curvas e ladeiras, o tempo de viagem era sempre dobrado ao estimado.
Ainda assim nos divertimos muito e a cada parada fomos conhecendo melhor o povo colombiano, suas comida típicas, seus artesanatos e apreciando as belezas naturais deste país encantador.
Terminando a descida dos Andes, já sentimos o calor e o sabor do Caribe. O ritmo começou a tomar conta, as músicas mais calientes, as pessoas mais sorridentes. Até que chegamos a Cartagena, cidade conhecida como Pérola do Atlântico!
Ali ficamos dois dias em um Hostel em frente à praia El Laguito, que nos contaram que era uma das antigas casas de Pablo Escobar e participamos de uma aula de surf da Fundación Amigos del Mar, ONG que realiza um trabalho lindo com as crianças de Tierra Bomba. O local é uma ilha bem carente de recursos básicos que fica em frente à cidade de Cartagena. Eles trabalham o desenvolvimento pessoal e social destas crianças por meio do surf e da cultura.
Cartagena é uma cidade linda, o centro histórico que fica dentro da cidade murada é cheio de vida e cultura local. Curtimos um passeio por lá e terminamos dançando salsa em um dos lugares mais tradicionais da cidade chamado Café Havana. Foi demais!
De lá seguimos para Barranquilla, onde nos encontramos com o surfista colombiano Daniel Olmos, integrante do Comitê Olímpico de Surf da Colômbia e um dos maiores talentos do surf no país. Dani nos recebeu como família, ficou amarradão com o Rekombinando e falou que sua grande inspiração eram os surfistas brasileiros.
Ele nos levou para surfar em um pico chamado El Castillo de Salgar, direita que quebra junto a um cliff com um castelo em cima. Neste lugar chegaram os primeiros conquistadores espanhóis na Colômbia. Era um domingo e a galera local que estava por ali ficou muito entusiasmada em nos ver surfar. As crianças nos cercaram e começaram a fazer perguntas, dizendo que nunca haviam visto uma mulher surfista, só na televisão. Foi muito legal, deu para ver que o surfe ainda é uma novidade na Colômbia, não é um esporte tão popular como no Brasil.
De Barranquila seguimos para Tayrona, lugar que estávamos sonhando em conhecer. Tayrona é um Parque Nacional próximo à cidade de Santa Marta, um lugar mágico, de onde pode-se ver as montanhas de Sierra Nevada e muitos rios que deságuam no mar, criando boas condições para o surf.
Um pico muito tranquilo, cheio de coqueiros na beira da praia e lugares para acampar. Ficamos em um camping chamado Playa Grande, dormindo na Kombi e em redes, tomando água de cocô, pegando onda, tomando banho de rios e fazendo fogueira ao cair da noite.
Assim nos despedimos da Colômbia e da Kombica, que ficou lá em Barranquilla aos cuidados do Daniel, esperando a próxima etapa do Rekombinando, que será do Panamá até a Califórnia.
Agradecemos a todos que nos acompanharam nesta etapa, vibraram com as oficinas que realizamos e que de alguma maneira apoiaram o Rekombinando! Se você curtiu e quer apoiar nosso projeto e nos ajudar a viabilizar a próxima etapa, acesse o site Catarse.
Sobre o projeto Já viajamos 10 mil quilômetros entre o sul do Brasil e a Colômbia e a nossa meta é seguir até os Estados Unidos, passando por todos os países da América Central. Neste trajeto realizamos 22 oficinas em diferentes comunidades litorâneas, envolvendo mais de 500 crianças e suas famílias.
Visitamos projetos sociais, escolas de surfe e associações comunitárias que estão realizando trabalhos incríveis em suas comunidades. Estas pessoas e projetos ganham força e energia quando nos juntamos a eles, se sentem empoderados, valorizados e responsáveis pelo seu local e pelas gerações futuras.
As oficinas realizadas pelo Projeto Rekombinando pretendem criar realidades mais inclusivas e sustentáveis e acreditamos que isso é possível quando utilizamos nossos potenciais criativos para criar juntos uma mudança desejada a partir da conexão da diversidade de olhares, realidade e pensamentos.
Realizamos ações pontuais nos lugares por onde passamos, trabalhando com três vetores principais: o surfe, a arte e a educação ambiental.
O projeto Rekombinando está sendo registrado integralmente e irá se tornar filme. Para saber mais, acesse o perfil do projeto no Facebook.