Assimétrico

Mayhem lança modelo

Renomado shaper, Matt "Mayhem" Biolos entra na onda das pranchas assimétricas.

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Mason Ho foi de quadri. Imagine quanto se pode experimentar com tamanhos de quilhas? Aliás, isso é possível em qualquer modelo.

Finalmente alguém pensou na assimetria da maneira que sempre julguei valer a pena. A ideia pipoca aqui e ali há mais de 50 anos, mas sempre de maneira exagerada ou equivocada. Dessa vez me parece que Matt Biolos tomou o rumo certo.

O modelo “Maysym” foi gerado após 25 anos de digestão, tudo por conta do snowboard. Ao usar um snowboard assimétrico, ele sentiu que a teoria funcionava na prática. A prancha em questão oferecia outlines diferentes de cada lado para que goofys e regulars pudessem fazer da melhor forma curvas de front e backside, potencializando a geometria assimétrica do corpo de cada atleta sobre a prancha.

Sim, tanto no snowboard quanto no surfe nossa postura sobre as pranchas realmente não funciona simetricamente. Quando você faz uma curva na base, de costas para a parede da onda, são seus calcanhares que exercem pressão no deck para que a prancha incline, crave as bordas na água e mude sua trajetória. Não há como você dobrar os joelhos e inclinar o corpo, redistribuindo o peso para a ponta dos pés como ocorre numa curva de frontside, de frente para a parede da onda.

Legenda vídeo: 
A Lost, que eu lembre, é a primeira grande marca internacional de pranchas a seguir o caminho da assimetria.

Outro detalhe, observado também por “Mayhem”, é o fato de que os dedões dos pés, normalmente, ficam mais afastados um do outro do que seus calcanhares. São poucos centímetros, mas numa prancha de alto desempenho isso pode fazer toda a diferença. Ou seja, a abertura da sua base sobre a prancha funciona diferente para cada lado.

Em 2000 Matt, influenciado por uma matéria que leu no “The Surfer’s Jornal”, de 1999, acabou fazendo uma assimétrica para levar às Mentawais. Foi a prancha que mais funcionou na viagem, com um dimond nos dedões e round pin no lado dos calcanhares. A prancha também funcionou fora dos tubos, em Trestles, como ele declarou em recente entrevista para a Stab.

O grande lance da prancha agora lançada é o fato dela ser um modelo sem exageros, como tem feito Carl Ekstrom, mestre e divulgador dessa tendência, ou Ryan Burch, mais recentemente. Esses caras entendem muito de assimetria, mas produzem modelos muito específicos, extravagantes demais.

O fato de trabalhar em apenas um modelo de prancha para ondas pequenas, de maneira simples, até sutil, sem experimentações na colocação de quilhas deve encontrar muita gente disposta a testar a prancha e entender com mais facilidade o que a assimetria pode oferecer.

Basicamente a prancha tem menos área no lado dos calcanhares, com um round pin, o que facilita a curva de backside. Todo mundo que já surfou numa prancha de rabeta larga, numa biquilha fish retrô, por exemplo, sabe que é mais difícil de backside. Já o lado dos dedões tem mais área na rabeta, um outline mais linear e mais rocker na borda.

Tyler Wright, além de outros atletas da equipe, por conselho do Matt, surfou de front numa square e usou round quando foi surfar de backside nas ondas da piscina do Kelly Slater durante a etapa do CT. A australiana quebrou tudo, mas ficou a pergunta: Por que, no lugar de duas, não ter uma prancha só?