Descoberta científica

Zooplâncton pode criar correntes

Descoberta científica aponta que enxames de minúsculos organismos oceânicos, conhecidos coletivamente como zooplâncton, podem criar correntes oceânicas intensas.

0
Se você matou aquela aula de biologia na quarta série, eis um exemplo de zooplâncton.

Enxames de minúsculos organismos oceânicos, conhecidos coletivamente como zooplâncton, podem ter uma influência enorme em seu ambiente.

Uma pesquisa publicada no final de abril pela revista Nature mostra que aglomerados de indivíduos de apenas 1 centímetro de comprimento, cada um batendo com suas pequenas pernas emplumadas, podem, em conjunto, criar correntes poderosas que poderiam potencialmente misturar água em centenas de metros de profundidade.

Esse efeito poderia influenciar tudo, desde a distribuição de nutrientes oceânicos até modelos climáticos.

“Organismos marinhos podem desempenhar um papel significativo nas correntes oceânicas – uma ideia que tem sido quase herética na oceanografia”, explica o engenheiro de mecânica de fluidos John Dabiri, da Universidade de Stanford, em matéria publicada pelo site Ciberia.

“Neste momento, muitos dos nossos modelos climáticos oceânicos não incluem o efeito dos animais, nem sequer se são participantes passivos no processo.” Mas o pensamento por trás dessa exclusão é compreensível.

As criaturas que a equipe de Dabiri estudou – como por exemplo, o camarão de água salgada – são ridiculamente pequenas. Então, como estes insignificantes zooplânctons conseguem agitar o oceano?

Os enxames migram diariamente em colunas verticais, se alimentando à superfície do oceano durante noite, antes de recuar centenas de metros de profundidade durante o dia. “Todos os dias, há uma migração verticalmente maciça de (literalmente) trilhões de organismos”, diz Dabiri.

Quando estes organismos “nadam para cima”, cada um deles empurra um pouco de fluido para trás. Desta forma, a água é empurrada para baixo dessa sucessiva série de empurrões.

Para medir os efeitos desta “bola de neve”, a equipe colocou o camarão de água salgada em tanques verticais cheios e induziu as migrações dia/noite dos animais para cima e para baixo, através de luzes que imitavam a ascensão e a queda da luz solar.

Os pesquisadores filmaram o fluxo de água com o auxílio de corantes e pequenas contas de vidro que os ajudaram a visualizar a força dos redemoinhos gerados pelos enxames. Nas filmagens, a equipe descobriu que a passagem dos animais distribuía água em regiões pequenas e localizadas, e produzia volumes significativos de correntes oceânicas por onde quer que fossem.

Até agora, esses efeitos só foram demonstrados em laboratório, mas se a mesma coisa estiver acontecendo no mundo real, biólogos e oceanógrafos teriam que repensar como a vida marinha contribui para a turbulência dos oceanos.

Os efeitos de agitação podem ter um impacto significativo na forma como avaliamos fenômenos como o transporte de nutrientes submersos, e como o dióxido de carbono é distribuído debaixo de água e lançado para a atmosfera.