The Blob

Fenômeno preocupa nos EUA

Gigantesco fluxo de água quente preocupa cientistas e ameaça a vida marinha na costa oeste dos EUA.

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Maior onda de calor já registrada nas águas do Pacífico Norte em 2014 e 2015 parece estar de volta.

O que está acontecendo na costa oeste dos Estados Unidos e por que os cientistas se preocupam?

De acordo com matéria da rede britânica BBC, um fenômeno preocupante que já havia ocorrido no Oceano Pacífico em 2014 e 2015 parece estar de volta.

É um gigantesco fluxo de água quente na costa oeste dos Estados Unidos, que ameaça causar devastação na vida marinha e na pesca nessa região.

Há cinco anos, quando apareceu pela primeira vez, os cientistas batizaram o fenômeno de “The Blob” (“a mancha”), em tradução livre.

O nome foi inspirado em um filme de terror dos anos 60, que no Brasil foi batizado de A Bolha Assassina.

“The Blob” criou a maior floração de algas tóxicas já registrada na costa oeste dos Estados Unidos. Essas algas nocivas, das quais pequenos organismos se alimentam, afetam toda a cadeia alimentar.

O aumento da temperatura também fez com que salmões que entravam no oceano encontrassem menos alimentos de qualidade.

Essa água mais quente fez com que milhares de leões-marinhos que procuravam comida encalhassem nas praias e que várias espécies de baleias, que também se aproximavam das costas, ficassem presas em redes de pesca ou aparecessem mortas na praia.

Para a indústria pesqueira, a situação também foi desastrosa. Nos Estados de Oregon e Washington, nos Estados Unidos, a floração de algas tóxicas paralisou a indústria de frutos do mar.

Agora, entre o Alasca e a Califórnia, outro aquecimento incomum da água ameaça causar efeitos semelhantes.

“The Blob” foi a maior onda de calor já registrada nas águas do Pacífico Norte, segundo dados da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA, na sigla em inglês).

Esse novo aquecimento caminha para ser tão forte quanto o de 2014, segundo a NOAA.

Por que isso acontece?

Essa nova massa de calor começou a se formar em meados de junho, exatamente na mesma região que em 2014.

Na ocasião, essa massa de água quente tinha cerca de 1,6 mil km de comprimento e 90 metros de profundidade. Em alguns momentos, a temperatura chegou a ficar quase 3ºC acima da média.

Segundo especialistas, o aquecimento se deve a um sistema de alta pressão que enfraquece os ventos que ajudam a misturar e resfriar a superfície do oceano.

Sem esses ventos, a temperatura da água aumenta e a corrente quente se move em direção à costa.

O aquecimento das águas faz com que haja menos nutrientes no oceano, o que altera a cadeia alimentar.

Assim, por exemplo, os leões-marinhos precisam nadar mais longe para alcançar peixes e os outros animais que servem de alimento.

Um novo Blob?

Os cientistas dizem que o movimento que eles observaram é um fenômeno semelhante ao “The Blob” de 2014, embora ainda seja cedo para saber se o estrago será o mesmo.

“É ruim, mas também pode desaparecer rapidamente”, disse Nate Mantua, pesquisador do Centro de Ciência de Pesca do Sudoeste dos EUA.

Mantua adverte que tudo depende do comportamento dos padrões climáticos “incomuns” que causam essa corrente de calor.

E essa é a grande questão.

As previsões mostram que a massa de água quente pode ter uma intensidade moderada, mas pode durar meses.

Este ano, a NOAA registrou temperaturas de até 5ºC acima da média.

A questão é se vai durar o suficiente para afetar os ecossistemas marinhos, embora alguns biólogos digam que isto já esteja acontecendo.

Por enquanto, a NOAA e outros laboratórios marinhos do Pacífico continuam monitorando o local e estão se preparando para, se for necessário mitigar seu impacto, colocar em prática lições aprendidas com o “The Blob” em 2014.

Um exemplo foi a criação de grupos de trabalho formados por pescadores e outros representantes da indústria pesqueira nos Estados da costa oeste americana para discutir meios de reduzir os riscos de baleias ficarem presas em redes.

“Com ‘The Blob’ e outros eventos semelhantes em outras partes do mundo, aprendemos que o que costumava ser um evento inesperado está se tornando mais comum”, disse Cisco Werner, diretor de programas científicos da NOAA.

Assim, os cientistas estão se preparando para essa visita indesejada que corre o risco de se tornar cada vez mais frequente.

Matéria originalmente publicada no Portal UOL.