Rip Curl Guarujá Open

Homenagem ao pioneiro

Desbravador do surfe no Guarujá, Udo Franz Sander Júnior recebe homenagem durante a etapa decisiva do Rip Curl Open.

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Udo Franz Sander Júnior (terceiro da esq. para a dir.) ao lado dos ícones do surfe guarujaense Guaracy Moraes, Walter e Pardal.

A decisão do Rip Curl Guarujá Open de Surf 2019 a partir desta sexta-feira (13) promete fortes emoções também fora do mar. A Associação de Surf de Guarujá (ASG) prestará homenagem ao pioneiro da modalidade, Udo Franz Sander Júnior, considerado um desbravador do esporte, que desde a década de 60 se aventurou nas ondas na cidade, na época ainda com pesadas pranchas de madeira, e integrou um seleto grupo responsável pelos primeiros campeonatos em São Paulo.

A escolha faz parte do projeto “Lendas do Surf”, organizado por Claudia Assis, como forma e identificar e reconhecer personagens que colaboraram diretamente na história da modalidade na cidade, que tem o surfe como um dos esportes mais populares e ondas de qualidade durante o ano inteiro.

Desde o ano passado, a ASG, na pessoa do presidente Ademir Silva, fortaleceu esse trabalho e, inclusive, encaminhou um projeto de Lei para a instituição do Dia Municipal do Surfista, conforme Lei 4.524/2018. Para ampliar ainda mais essa ação, o reconhecimento passou a ser feito no Circuito, para uma integração ainda mais com os jovens talentos que estão surgindo. “Temos de respeitar e sempre valorizar a história para manter e garantir o crescimento do esporte”, afirma Ademir.

Na década de 60, Udo se aventurou nas ondas do Guarujá.

Udo foi indicado por Guaracy Moraes, o primeiro homenageado em 2018, recebeu o troféu “Pioneiros da Ilha”, de posse transitória, durante o Dia do Surfista, no dia 20 de junho, e agora será lembrado no ambiente que mais gosta de estar, a praia.

Aos 67 anos, o engenheiro químico aposentado não esconde a satisfação pelo reconhecimento. “A emoção foi e está sendo muito grande, fez com que eu fosse buscar velhas e boas histórias e saber que têm pessoas que valorizam e gostam de ouvir”, afirma. “Nunca imaginei que essa homenagem poderia acontecer”, revela.

Basta começar a falar de surfe, que Udo recorda bons, grandes e históricos momentos do surf. “O início da galera, uns dez no máximo, fabricando as próprias pranchas de madeirite e surfando no Canto do Maluf. A chegada das pranchas Glaspac, de fibra de vidro, a proibição de surfar nas praias do Guarujá, ficando permitido somente uma área de 150 metros do lado esquerdo da ilha”, conta empolgado.

Também lembra da organização do primeiro e do segundo campeonatos paulistas de surfe, nas Pitangueiras, em 1967 e 68. “Ainda só com pranchão”, detalha. Outro tema que gosta de falar é sobre as viagens para as praias do litoral norte ainda nos anos 60, sem dúvida verdadeiras aventuras. “Era muito difícil, pois ninguém tinha carro e a gente vivia de carona. Como não havia estrada até Boracéia, a viagem era feita pelas praias quando os rios e a maré permitiam. Chegar a Maresias e Paúba era uma odisseia”, admite.

O pioneiro demonstra o sentimento de ter colaborado diretamente para o que o surfe brasileiro se tornou hoje, com toda a popularidade que alcançou e também o domínio no Mundial. “Meu sentimento é de ter colaborado no início, enfrentando muitas barreiras. O esporte era marginalizado e o surfista nas décadas de 60 e 70 era sinônimo de vagabundo”, argumenta

Com amigos nos anos 70, tempos áureos do surfe no litoral paulista.

“Hoje é sensacional e com potencial um potencial de crescimento muito grande. Gostaria que o Brasil tivesse mais uma etapa da WSL, como a Austrália”, diz Udo, também destacando o surf guarujaense. “Está em franco desenvolvimento e acredito que com mais incentivo oficial, poderíamos resgatar mais jovens para o caminho de um futuro melhor, como o Mineirinho (Adriano de Souza)”, completa.

A homenagem para Udo será realizada junto com a premiação dos melhores da temporada, no domingo. A competição tem início nesta sexta-feira (13), na Praia do tombo, reunindo mais de 200 surfistas, divididos em 12 categorias, desde a novíssima geração, com atletas na Sub 8, Sub 10 e Sub 12, até os mais experientes da Legends (45 anos em diante), incluindo a Pro/Am, com o vencedor levando R$ 800 oferecido pela Fu Wax, SUP Surf, Longboard e Feminina.

No trabalho de pesquisa sobre os pioneiros já foram entrevistados alguns ícones da cidade como Fuad Mansur, Patrô, Thyola, Ronaldo Hypolito, Pardal, Claudion Maran, entre outros. A ideia é criar um arquivo de entrevistas fotos e vídeos que possam ser acessados por todos que queiram conhecer mais a história do surfe de Guarujá.

“A ASG apoia e acredita na importância desse resgate também para a formação da nova geração de atletas, respeitando quem fez a história e abriu os caminhos deste esporte incrível, que vem ganhando cada vez mais força, pois transforma vidas, colando as pessoas em contato pleno com a natureza”, finaliza Claudia Assis.