ISA World Games

CBSurf explica ausência

Presidente da Confederação Brasileira de Surf revela os motivos que levaram a entidade a desistir do ISA Games em Tahara, Japão.

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Brasileiros estão fora do ISA World Surfing Games em Tahara, Japão.ISA / Evans
Brasileiros estão fora do ISA World Surfing Games em Tahara, Japão.

Na manhã desta quinta-feira, a redação do Waves entrou em contato com a Confederação Brasileira de Surf para obter mais esclarecimentos sobre a desistência da equipe brasileira do ISA World Surfing Games, competição que será disputada entre os próximos dias 15 e 22 de setembro em Tahara, Japão.

Segundo Adalvo Argolo, presidente da entidade, apesar de todo o apoio do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) – que disponibilizou os recursos para a viagem através da Lei Agnelo Piva -, a CBSurf não sentiu confortável para atender à prestação de contas e optou por um recuo estratégico para não comprometer o planejamento futuro da Confederação.

O dirigente explica que o processo para levar o time ao Japão teve uma séries de obstáculos. “A federação japonesa demorou para enviar uma carta-convite que era fundamental para a obtenção de vistos. E só com todos os vistos concedidos era possível emitir as passagens. Só nesse período já houve uma longa demora, pois as cartas só chegaram na quarta-feira passada. O consulado ainda cobrou mais documentos, mas conseguimos o visto japonês”, conta Adalvo. “Aí, vem a burocracia para as passagens e despesas no Japão. Precisávamos ter três orçamentos de agências diferentes e comprovar qual a agência que ganhou a disputa. A própria agência que tinha o melhor preço desistiu devido à burocracia. Também tínhamos de fazer o mesmo com hotéis, transportes, motoristas, intérpretes, etc”, continua o dirigente.

O presidente da Confederação alega que o risco de não atender a todos os requisitos necessários para a prestação de contas ao COB era alto, pois a entidade tem uma estrutura muito pequena em relação a outras modalidades olímpicas, e que isso poderia tornar a CBSurf inadimplente. “Teríamos que devolver todo o dinheiro que não atendesse às exigências, ou ficaríamos inadimplentes e não teríamos mais direito a nenhuma verba do COB, inclusive nas etapas do Circuito Brasileiro”, diz Adalvo.

A verba disponibilizada pela Comitê para a ida do Brasil ao ISA Games seria em torno de R$ 250 mil. “Como não nos sentimos confortáveis e não temos estrutura para atender a todos esses requisitos, pedimos para que o próprio COB assumisse as operações para a emissão das passagens. Porém, o COB só conseguiria emitir os tickets passando pelos Estados Unidos, e parte da equipe não tem o visto norte-americano. Iríamos desfalcados, não conseguiríamos ter um resultado positivo na disputa por equipes e ainda assim teríamos o risco na prestação de contas de hotéis, motorista, intérprete e outros custos da viagem. Seria um risco enorme e achamos prudente cancelar a participação no evento, não comprometendo o planejamento da entidade junto ao COB”, revela o dirigente.

Um dos projetos apoiados pelo COB e que poderia ser afetado pela prestação de contas no ISA Games é o CBSurf Pro Tour, circuito profissional promovido pela Confederação Brasileira. Na última quarta, a entidade anunciou o aumento da premiação na etapa decisiva, em Itajaí (SC), oferecendo um total de R$ 120 mil a ser dividido entre as categorias masculina e feminina, além de um carro 0km para o campeão de cada categoria. Segundo Adalvo, a desistência do ISA Games não tem relação alguma com esse aumento na premiação. “São projetos diferentes no COB. Uma coisa não tem ligação com a outra. Toda verba destinada para a viagem ao Japão ficará com o COB”, finaliza o dirigente.

O ISA World Surfing Games oferece duas vagas em cada categoria (masculina e feminina) para os Jogos Pan-Americanos que serão disputados em Lima, Peru, em 2019. Porém, os brasileiros terão outra chance de participar da prova, disputando o PASA Surfing Games de 2 a 9 de dezembro em Punta Rocas, Peru.

Posição do COB – Em email enviado ao Waves na tarde desta quinta-feira, o Comitê Olímpico Brasileiro deu a sua posição sobre o cancelamento da participação brasileira no ISA Games. Confira a nota abaixo:

“O COB aprovou a liberação de verba para o projeto apresentado pela CBSurf para o ISA Games no dia 17 de julho, com previsão de repasse de recurso e início da execução do projeto pela CBSurf em 1º de agosto. No entanto, na data prevista para repasse, a CBSurf estava impossibilitada de receber recursos da Lei Agnelo/Piva por não ter apresentado documentos necessários e obrigatórios para prestação de contas de projetos anteriores.

Assim que a CBSurf regularizou sua situação de prestação de contas, no dia 3 de setembro, o recurso foi disponibilizado. Durante o período em que a CBSurf estava impossibilitada de receber recursos, o COB informou que poderia executar o projeto, como atualmente atua com algumas Confederações, com o objetivo de não causar prejuízos aos atletas. A CBSurf optou por aguardar o momento que pudesse receber o recurso e executar o projeto.

Na quinta-feira, 6 de setembro, a CBSurf esteve no COB e informou diversas dificuldades operacionais internas para contratação de passagens aéreas, hospedagem, alimentação e aluguel de veículo, que poderiam acarretar problemas na futura prestação de contas da entidade junto ao COB. O COB então deu orientações para que a Confederação pudesse seguir com o planejamento.

Na segunda-feira, dia 10, a CBSurf esteve novamente no COB e informou que não tinha conseguido fazer nenhuma das contratações necessárias. Mesmo diante do curtíssimo prazo para a viagem, o COB buscou, mais uma vez, auxiliar a confederação na organização desta ação.

Em relação às passagens aéreas, na data em que as reservas foram solicitadas, só havia disponibilidade em empresas aéreas com conexão nos Estados Unidos, onde é necessário visto para entrada no país. A CBSurf era a responsável por conseguir os vistos para seus atletas e a equipe feminina não dispunha de visto americano. Pela Europa, só havia disponibilidade de passagens de primeira classe e a Lei Agnelo/Piva não permite a compra de passagens desta categoria. Desta forma, essa ação não pôde ser realizada no tempo necessário para participação no evento.

Por decisão da CBSurf, a participação no Mundial foi então cancelada.”