Pranchas alternativas

O limite da diversão

Edinho Leite explica até onde vão os limites de pranchas alternativas como biquilhas e fishes.

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Tornei-me um defensor das biquilhas, fishes e afins, mas temos que ser sinceros: o prazer que elas nos proporcionam tem seu preço.

Sim, gosto muito de assistir as linhas feitas por caras como Torren Martin, Asher Pacey, aí nos vídeos, e outros especialistas, mas toda essa fluidez e velocidade tem um custo. A falta da terceira quilha faz com que muitas curvas, especialmente no terço superior da onda, fiquem devendo em pressão.

O modelo fish de Rob Machado tem feito sucesso. Divertido? Tudo depende do que você quer fazer nas ondas.

Elas desgarram demais, especialmente quando não estão com as bordas cravadas na água.

 Traduzindo, não dá para forçar a rasgada ou mudar de direção mantendo uma linha mais agressiva sem perder controle. Aliviar é o caminho.

Se especialistas são obrigados a controlar o peso no pé de trás, imagine a gente? 

Demérito? Problema? Nenhum, se você não pretende surfar como os Top da WSL. Eles, os Tops, não podem se dar ao luxo do surfe diferente do estabelecido. Os juízes exigem um surfe impossível de ser executado com pranchas que não sejam tri ou quadriquilhas, ao menos até hoje.

Mark Richards, o rei das biquilhas, assim como muitos outros shapers, tem trabalhado com uma quilha central menor, para minimizar as limitações do modelo original.

Já a gente, que só tem compromisso com nosso próprio prazer, só não pode como deve aproveitar de pranchas que nos proporcionem outras experiências. 

Linhas mais longas, curvas mais aberta. Velocidade, sem a necessidade de usar tanta força. Basta repensar a maneira de surfar e se ater ao prazer de abusar das vantagens dessas pranchas “alternativas”, sem tropeçar em suas limitações.

Sim, toda prancha tem seus limites. Nosso prazer, não.

Legenda vídeo: Asher Pacey sabe usar e descrever o surfe com duas quilhas.